quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Leme do Prado: Betinha e Torres mostram força ao serem reeleitos com 1.104 votos

Data: 07/10/2011
Apuração foi tranquila e rápida no Leme do Prado
Chapa única encabeçada pela professora Elizabeth da Silva, a Betinha (candidata à diretora) e Antônio Torres (candidato a diretor adjunto) vence eleição na Escola Estadual Leme do Prado. Compareceram as urnas 1.171 eleitores, sendo que 1.104 (percentual de 66,32%) votaram a favor da chapa, 58 (percentual de 6,13%) contra, brancos 04 e nulo 01.
“Manifestamos, em primeiro lugar, o agradecimento aos 1.104 votos que depositaram confiança em nossa chapa. Reconhecemos a legitimidade do processo eleitoral da escola, fazendo dela a mais participativa em 50 anos de história do Leme do Prado. Compreendemos essa grande participação dos eleitores como um fortalecimento de nossa gestão”, disse Betinha.
Professores da Escola Estadual Leme do Prado comemoram com Betinha a reeleição
O professor Torres ficou impressionado com a mobilização dos eleitores. “Há muito tempo não víamos tamanha mobilização de eleitores no Leme do Prado”. Ele agradeceu os votos recebidos nas urnas. “Agradeço imensamente a confiança depositada na minha pessoa, como também da professora Betinha”.
Votos por segmento:
Profissionais da educação básica – 54 votos sim e 09 votos não;
Pais – 465 votos sim e 19 votos não;
Alunos – 585 votos sim e 30 votos não.

Leme do Prado: Betinha e Torres mostram força ao serem reeleitos com 1.104 votos | Pérola News

Leme do Prado: Betinha e Torres mostram força ao serem reeleitos com 1.104 votos | Pérola News

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Entenda as DST

Entenda as DST

As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) são uma das maiores preocupações para as autoridades da saúde em todo o mundo. Estimativas da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) dão conta de que, anualmente, 50 milhões de novos casos ocorrem nas Américas.

As infecções ocorrem por meio de contato sexual (anal, vaginal ou oral), por contato com secreções contaminadas (esperma, secreção vaginal e sangue) ou feridas decorrentes das próprias DST. Estas podem ser:


  • Caracterizadas por úlceras genitais: Sífilis, Cancro Mole, Herpes Genital e Linfogranuloma Venéreo;

  • Caracterizadas por corrimentos na uretra: Gonorréia, Clamídia e Linfogranuloma Venéreo;

  • Caracterizadas por corrimento na vagina e irritação na vulva: Gonorréia, Clamídia, Linfogranuloma Venéreo, Candidíase e Tricomoníase;

  • Caracterizadas por verrugas: Condiloma Acuminado e lesões acetorreagentes de colo, vagina e vulva (HPV);
  • Que afetam a imunidade: Aids.
Os agentes causadores podem ser vírus, bactérias, protozoários ou fungos. E, alguns casos, são de difícil diagnóstico. “Algumas DST não apresentam sintomas, mas isso não impede que se desenvolvam e sejam transmitidas”, explica a ginecologista Glene Rodrigues, médica assistente do setor de Sexologia do Hospital Perola Byinghton, de São Paulo.

Leia mais:

» O lado mais grave
» Conscientização
Cirurgia Íntima

O assunto não é mais tabu

Não faz muitos anos, moças de família não tinham sequer coragem de se olhar no espelho, quanto mais de admitir a insatisfação com a aparência de uma parte do corpo que já nasceu escondida (e assim deveria permanecer!): a vagina. Jamais passaria pela cabeça de uma senhora de respeito a possibilidade de recorrer à cirurgia plástica para retocar tal detalhe anatômico. Felizmente, os tempos são outros – como prova a recente popularização da chamada “cirurgia íntima”.

“Não se tratam de técnicas novas”, revela o cirurgião plástico Múcio Leão Pessoa de Castro. “O que temos observado é que as pessoas, em geral, estão mais abertas para falar do corpo, mais à vontade. Não existem mais tabus neste sentido”, afirma.

Para muita gente, pode parecer o cúmulo da futilidade ou só mais um item na infinita lista de encanações que rondam a complicada cabeça feminina. Mas esse aumento na procura pela cirurgia íntima mostra também que a mulher está em busca de uma qualidade de vida que lhe foi negada em nome de tabus e preconceitos.

É fato que, na maioria das vezes, a cirurgia tem indicação meramente estética. Mas também é verdade que, inibidas pela própria anatomia, muitas mulheres acabam fugindo do convívio social. Deixam de frequentar academias, não vão mais à praia, não namoram mais.

“As maiores motivações são emocionais, apesar de serem problemas que incomodam fisicamente. É uma questão bem delicada, que causa desconforto e vergonha. Mas não é um problema ‘de nascença’”, esclarece o cirurgião. “Ele tem causas externas, como gestações repetidas, ganho de peso, envelhecimento. Por isso a cirurgia íntima também é considerada reconstrutora”, afirma o especialista.

Fonte: Múcio Leão Pessoa de Castro, cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Parto normal após cesárea?

Parto normal após uma cesárea é possível, com o devido acompanhamento médico

As chances de parto normal após uma cesariana são maiores do que muitas gestantes pensam: de 50% a 80% dos casos, (desde que a grávida entre espontaneamente em trabalho de parto e tenha apenas uma parto cesárea anterior). É importante que o parto normal ocorra de 18 a 24 meses, após o parto anterior e que, se possível, o trabalho de parto ocorra espontaneamente.

Por medo dos riscos de uma rotura uterina, acaba sendo muito mais comum que mulheres que já passaram por uma cesárea façam outras, sem tentar o parto normal. É bom lembrar que nenhuma gravidez é igual à anterior e que as indicações do parto cesárea podem não se repetir numa segunda tentativa.

Maria Rita de Souza Mesquita, obstetra especialista em gestações de alto risco, esclarece que é fundamental que a gestante ou o casal deixem claro o desejo de parto natural ao obstetra. Caberá ao médico tocoginecologista avaliar adequadamente as possibilidades ou, se for o caso, identificar fatores de risco que possam impossibilitar a tentativa. “A presença de duas ou mais cesáreas anteriores, cicatrizes uterinas, gestação múltipla, rotura prematura das membranas, assim como fetos grandes, muitas vezes contraindicam o parto normal”, afirma a especialista.

“Uma gestação de evolução tranquila, com controle frequente das condições da mãe e da criança durante o pré-natal, principalmente em relação ao peso da gestante e o tamanho do bebê, tem ainda mais chances de terminar em parto normal”, revela a obstetra.

Fonte: Maria Rita de Souza Mesquita, obstetra especialista em gestações de alto risco e 1ª Tesoureira da Associação Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp).

Leia mais:

» Nenhuma gravidez é igual à anterior
» O que impede parto normal após cesárea?

Use Camisinha

Lado a lado com o anticoncepcional

Os preservativos, muitas vezes deixados de lado nas relações sexuais, constituem uma alternativa confiável para evitar a gravidez. A camisinha é, também, o melhor método para evitar uma ocorrência grave: as doenças sexualmente transmissíveis (DST).

“A mulher costuma separar a relação entre ficar, namorar, noivar e casar. Quando estão ficando, usam o preservativo, mas, ao passarem para o namoro, já acabam deixando de lado. A questão é que, em grande parte das vezes, não há diferença entre ficar e namorar. Não se sabe quanto tempo esse relacionamento vai durar. Não se sabe se ela é a única mulher com quem aquele homem tem relações sexuais naquele momento”, alerta o ginecologista Sérgio Passos Ramos.

Estimativas da Organização Mundial da Saúde dão conta de que, anualmente, cerca de 340 milhões de casos de DST ocorrem pelo mundo. No Brasil, acredita-se que, por exemplo, ao redor de 937 mil pessoas tenham sífilis, e mais de um milhão e meio, dentro da população sexualmente ativa, precisam lidar com a gonorréia.

Leia mais:

» Os riscos para quem não se protege corretamente
» Camisinha: Ainda a melhor proteção
Métodos Contraceptivos

Métodos Contraceptivos

A possibilidade de o casal decidir quantos filhos deseja ter, em que idade tê-los e o intervalo entre as gestações é um dos maiores avanços da nossa era. Durante milênios, o ser humano não dispunha dos conhecimentos científicos e tecnológicos que hoje estão largamente disponíveis para aqueles que querem viver a paternidade ou a maternidade de forma responsável.

Esta página tem como objetivo fornecer informações básicas para que as mulheres e seus parceiros – ajudados pelos profissionais de saúde – possam decidir de maneira mais consciente a escolha do método contraceptivo mais adequado.


Pílulas anticoncepcionais - Existem dois tipos:
Pílulas combinadas: Possuem dois hormônios que impedem a ovulação. Em teoria, são muito eficazes, mas, na prática, podem falhar bastante, devido ao esquecimento, ao uso incorreto e à mistura com outros medicamentos. As pílulas não podem ser tomadas por mulheres com doenças do coração, pressão alta, derrame, trombose, diabetes, câncer de mama, que estejam amamentando e por fumantes após os 35 anos, entre outras.

Pílulas de progesterona: Contêm progestágeno em dose baixa. Não costumam inibir a ovulação e, por isso, são menos eficazes do que as pílulas combinadas. Por outro lado, possuem menos contra-indicações e podem ser utilizadas na amamentação.


Pílula do dia seguinte:
Pode ser usada em caso de emergência, como após uma relação sexual desprotegida ou na falha de outro método (camisinha que rompeu). Não é tão eficaz quanto os outros métodos hormonais. Não se aconselha como método de primeira escolha.


Implante:
É um pequeno bastonete que é colocado debaixo da pele. Possui apenas um progestágeno e dura até três anos. É muito eficaz, fazendo com que a menstruação diminua ou cesse em muitas das mulheres usuárias.


Anel vaginal:
Assim como a pílula, possui os dois hormônios, estrógeno e progestágeno, que são absorvidos através da vagina. Deve ser inserido pela mulher no primeiro dia de menstruação, permanecendo por três semanas. Após esse período, e mais sete dias de descanso, deve ser retirado e trocado por um novo anel.


Adesivo contraceptivo:
Também possui os dois hormônios da pílula, sendo colocado sobre a pele a partir do primeiro dia da menstruação. Deve ser trocado a cada sete dias, num total de três por mês.


Dispositivos intra-uterinos (DIUs):
São pequenos objetos de plástico com cobre ou hormônio que são colocados dentro do útero para impedir a gravidez. Duram de cinco a dez anos e são muito eficazes. O dispositivo intra-uterino com hormônio diminui ou cessa o fluxo menstrual. Os DIUs devem ser inseridos por médicos treinados.


Camisinha ou Camisa de Vênus (preservativo masculino):
Protege contra a gravidez e também contra as doenças sexualmente transmissíveis. Pode ser associada a outros métodos anticoncepcionais para maior segurança.


Camisinha feminina:
Também protege contra as doenças sexualmente transmissíveis. Tem as desvantagens de ser difícil de colocar e possuir alto custo.


Diafragma:
É um pequeno anel revestido com silicone que a mulher coloca na vagina junto ao colo do útero com uma geléia espermicida, antes do coito, para impedir a passagem dos espermatozóides para o útero. É necessário treinamento para que a mulher aprenda a usá-lo.


Tabela:
Consiste em evitar a relação sexual no período fértil da mulher, que geralmente acontece entre o 10o e o 18o dia do ciclo. É um método pouco eficaz.


Ligadura de trompas:
É uma cirurgia que se constitui no corte das trompas, impedindo o encontro dos espermatozóides com o óvulo. É muito eficaz e não afeta a saúde da mulher, mas deve-se considerar que é irreversível.


Vasectomia:
É uma cirurgia masculina que se assemelha à ligadura de trompas. Na vasectomia, os canais deferentes são cortados, impedindo a saída dos espermatozóides. Não causa impotência e deve também ser considerada irreversível.

Injetável mensal ou combinado:
É parecido com as pílulas combinadas e tem a vantagem de ser aplicado apenas uma vez por mês.


Injetável trimestral ou progestágeno:
Não contém estrogênio; por isso, a maioria das contra-indicações da pílula combinada não se aplica a esse tipo de injetável, que pode ser utilizado durante a amamentação, por fumantes, por mulheres com pressão alta leve e por usuárias de anticonvulsivantes e antibióticos. Após alguns meses, a maioria das mulheres pára de menstruar.


Referência
Conteúdo Planejamento Familiar extraído de publicação periódica da Phoenix Comunicação Integrada patrocinada por Pfizer. Médico responsável: Dr. Antonio Aleixo Neto. Jornalista Responsável: José Antonio Mariano (MTb: 22.273-SP). As opiniões presentes no estudo refletem o ponto de vista de seus autores, que não correspondem, necessariamente, à opinião dos Laboratórios Pfizer Ltda.


Jovens Mães

Partos na adolescência diminuem, mas gravidez precoce ainda requer atenção

A gravidez na adolescência continua sendo um problema sério e que exige atenção das autoridades governamentais. O panorama dessa questão no Brasil, porém, já não é tão grave quanto há alguns anos.

A socióloga Sylvia Cavasin, que há 20 anos trabalha com o público jovem pela ONG Ecos – Comunicação em Sexualidade, apresenta o quadro atual das gravidezes precoces: “informações do Ministério da Saúde dão conta que, nos últimos 10 anos, os partos em adolescentes caíram 30%. É uma notícia para se olhar com bastante cuidado, porque significa que a adolescência está seguindo a faixa de queda de fecundidade geral das mulheres no Brasil”.

De acordo com a especialista, entre os fatores que explicam essa queda está a política brasileira de distribuição de preservativos e de divulgação de informações sobre contracepção. É um começo para que a rede de saúde e as escolas passem a tratar da saúde reprodutiva, tanto com adolescentes homens quanto mulheres.

Contudo, Sylvia ressalta que ainda há muito a ser feito. “Sexo é um tema controverso, difícil, não temos um repertório social para falar disso, é algo que estamos construindo nos últimos anos. Temos as iniciativas do Ministério da Saúde, que falam sobre sexualidade e prevenção, muito por conta do HIV/Aids. Mas, o que precisa ser mais incentivado é que os homens percebam que também são responsáveis e têm que cuidar da saúde reprodutiva”, observa a especialista.

Fonte: Sylvia Cavasin, socióloga. É fundadora e coordenadora de Advocacy da ONG Ecos – Comunicação em Sexualidade. É uma das idealizadoras do Grupo de Estudos sobre Sexualidade Masculina e Paternidade (GESMAP), da Ecos.

Leia mais:

» Relacionamento estável ameniza consequências da gravidez na adolescência
» Educação sexual ainda é tímida nas escolas
» Jovens têm informação, mas mesmo assim, se arriscam
» Como conscientizar os jovens sobre o que é ter filhos
Planejamento Familiar

O que é planejamento familiar?

O planejamento familiar é um ato consciente: torna possível aocasal programar quantos filhos terá e quando os terá. Permite às pessoas e aos casais a oportunidade de escolher entre ter ounão filhos de acordo com seus planos e expectativas.

Programar o crescimento (ou não) da família nos dias de hoje é fundamental.Não apenas porque economicamente a vida está mais difícil,mas também porque muitas vezes investir na carreira pode ser a prioridadedo momento tanto para o homem como para a mulher.

Benefícios do planejamento familiar

O acesso à informação e a facilidade de obtenção de meios contraceptivos sob orientação médica adequada é a única maneira de preservar a saúde da mulher, evitando gestações indesejadas, diminuindo o número de gestações de alto risco, abortos inseguros e conseqüentemente reduzindo a mortalidade materna e infantil.

O planejamento familiar também beneficia as crianças, na medidaem que aumenta o intervalo entre as gestações: se elas pudessemnascer pelo menos dois anos depois da anterior, a morte de 3 a 4 milhõesde crianças poderia ter sido evitada.

O benefício do planejamento familiar para os homens e mulheres é evidente:eles podem, com a programação do nascimento de filhos, preparar-semelhor para oferecer uma vida e um futuro mais estável para suafamília.

Sempre com a supervisão de um médico, o casal pode ter conhecimentode como fazer para se evitar uma gravidez indesejada, e de como agir futuramente,com tranqüilidade, na hora em que decidirem ter um bebê.

Referências

http://www.portaldasexualidade.com.brhttp://www.unifesp.br/dgineco/planfamiliarhttp://portal.saude.gov.br/saudehttp://boasaude.uol.com.br

Planejamento familiar

Drauzio Varella
No Brasil, planejamento familiar é privilégio exclusivo dos bem-aventurados. Sem mencionar números, vou resumir o atoleiro ideológico em que estamos metidos nessa área.
Até a metade do século XX, poucas famílias brasileiras deixavam de ter cinco ou seis filhos. Havia uma lógica razoável por trás de natalidade tão altas:Planejamento familiar
1) A maioria da população vivia no campo, numa época de agricultura primitiva em que as crianças pegavam no cabo da enxada já aos sete anos. Quantos mais braços disponíveis houvesse na família, maior a probabilidade de sobrevivência.
2) Convivíamos com taxas de mortalidade infantil inaceitáveis para os padrões atuais. Ter perdido dois ou três filhos era rotina na vida das mulheres com mais de trinta anos.
3) Além da cirurgia e dos preservativos de barreira, não existiam recursos médicos para evitar a concepção. Na década de 1960, quando as pílulas anticoncepcionais surgiram no mercado e a migração do campo para a cidade tomou vulto, uma esdrúxula associação de forças se opôs terminante ao planejamento familiar no país: os militares, os comunistas e a igreja católica.
Os militares no poder eram contrários, por julgarem defender a soberania nacional: num país de dimensões continentais, quanto mais crianças nascessem, mais rapidamente seriam ocupados os espaços disponíveis no Centro-Oeste e na Floresta Amazônica.
Os comunistas e a esquerda simpatizante, por defenderem que o aumento populacional acelerado aprofundaria as contradições do
capitalismo e encurtaria caminho para a instalação da ditadura do proletariado. A igreja, por considerar antinatural – portanto, contra a vontade de Deus – o emprego de métodos contraceptivos.
O resultado dessas ideologias não poderia ter sido mais desastroso:em 1970, éramos 90 milhões; hoje, temos o dobro da população, parte expressiva da qual aglomerada em favelas e na periferia das cidades. Suécia, Noruega e Canadá conseguiriam oferecer os mesmos níveis de atendimento médico, de educação e de salários para os aposentados, caso tivessem duplicado seus habitantes nos últimos trinta anos?
O que mais assusta, entretanto, não é havermos chegado à situação dramática em que nos encontramos; é não adotarmos medidas para remediá-la. Pior, é ver não apenas os religiosos, mas setores da intelectualidade considerarem politicamente incorreta qualquer tentativa de estender às classes mais desfavorecidas o acesso aos métodos de contracepção fartamente disponíveis a quem pode pagar por eles.
É preciso dizer que as taxas médias de natalidade brasileiras têm caído gradativamente nos últimos cinquenta anos, mas não há necessidade de consultar os números do IBGE para constatarmos que a queda foi muito mais acentuada nas classes média e alta: basta ver a fila de adolescentes grávidas à espera de atendimento nos hospitais públicos ou o número de crianças pequenas nos bairros mais pobres.
Outra justificativa para a falta de políticas públicas destinadas a universalizar o direito ao planejamento familiar no País é a da má distribuição de renda: o problema não estaria no número de filhos, mas na falta de dinheiro para criá-los, argumentam.
De fato, se nossa renda per capita fosse a dos canadenses, a situação seria outra; aliás, talvez tivéssemos que organizar campanhas para estimular a natalidade. O problema é justamente porque somos um país cheio de gente pobre, e educar filhos custa caro. Como dar escola, merenda, postos de saúde, remédios, cesta básica, habitação, para esse exército de crianças desamparadas que nasce todos os dias? Quantas cadeias serão necessárias para enjaular os malcomportados?
A verdade é que, embora a sociedade possa ajudar, nessa área dependemos de políticas públicas, portanto dos políticos, e estes morrem de medo de contrariar a igreja. Agem como se o planejamento familiar fosse uma forma de eugenia para nos livrarmos dos indesejáveis, quando se trata de uma aspiração legítima de todo cidadão. As meninas mais pobres, iletradas, não engravidam aos 14 anos para viver os mistérios da maternidade; a mãe de quatro filhos, que mal consegue alimentá-los, não concebe
o quinto só para vê-lo sofrer.
É justo oferecer vasectomia, DIU, laqueadura e vários tipos de pílulas aos que estão bem de vida, enquanto os mais necessitados são condenados aos caprichos da natureza na hora de planejar o tamanho de suas famílias?
Gravidez indesejada e violência urbana
A irresponsabilidade brasileira diante das mulheres pobres que engravidam por acidente é caso de polícia literalmente.
Insisto em dizer que o planejamento familiar no Brasil é inacessível aos que mais necessitam dele. Os casais da classe média e os mais ricos, que podem criar os filhos por conta própria, têm acesso garantido a preservativos de qualidade, pílula, injeções
e adesivos anticoncepcionais, DIU, laqueadura, vasectomia e, em caso de falha, ao abortamento; porque, deixando a falsidade de lado, estamos cansados de saber que aborto no Brasil só é proibido para a mulher que não tem dinheiro.
Há pouco tempo, afirmei numa entrevista ao jornal O Globo que a falta de planejamento familiar era uma das causas mais importantes para a explosão de violência urbana ocorrida nos últimos vinte anos em nosso País. A afirmação era baseada em minha experiência na Casa de Detenção de São Paulo: é difícil achar na cadeia um preso criado por pai e mãe. A maioria é fruto de lares desfeitos ou que nunca chegaram a existir. O número daqueles que têm muitos irmãos, dos que não conheceram o pai e dos que foram concebidos por mães solteiras, ainda adolescentes, é impressionante.
Procurados pelos jornalistas, um cardeal e uma autoridade do primeiro escalão federal responderam incisivamente que não concordavam com essa afirmação. O religioso, porque considerava “muito triste ser filho único”, e que “o ideal seria cada família brasileira ter cinco filhos”. O outro discordava baseado nos dados que mostravam queda progressiva dos índices de natalidade nos últimos vinte anos, enquanto a violência em nossas cidades explodia.
Cito essa discussão, porque encerra o nó de nossa paralisia diante do crescimento populacional insensato que fez o número de brasileiros saltar dos célebres 90 milhões em ação do ano de 1970 para os 180 milhões atuais: de um lado, a cúpula da Igreja Católica, que não aceita sequer o uso da camisinha em plena epidemia de uma doença sexualmente transmissível como a Aids. De outro, os responsáveis pelas políticas públicas, que, para fugir da discussão sobre as taxas inaceitáveis de natalidade da população mais pobre, usam o velho jargão da a queda progressiva dos valores médios dos índices ocorrida nas últimas décadas. Dizem: cada brasileira tinha seis filhos em 1950; hoje esse número não chega a três. É provável que o argumento ajude a aplacar-lhes a consciência pública, especialmente quando se esquecem de dizer que, enquanto as mulheres de nível universitário hoje têm em média 1,4 filho, as analfabetas têm 4,4.
Em agosto de 2004, o jornal Folha de São Paulo publicou informações contidas no banco de dados do município, colhidas no período de 2000 a 2004 pela Fundação SEADE. A reportagem nos ajuda a avaliar o potencial explosivo que a falta de acesso aos métodos de contracepção gera na periferia e nas favelas das cidades
brasileiras.
Se tomarmos os cinco bairros mais carentes, situados nos limites extremos de São Paulo – Parelheiros, Itaim Paulista, Cidade Tiradentes, Guaianazes e Perus -, a proporção de habitantes inferior a 15 anos varia de 30,4% a 33,4% da população. Esses números estão bem acima da média da cidade: 24,4%. Representam mais do que o dobro da porcentagem de crianças encontrada nos cinco bairros com melhor qualidade de vida.
O grande número de jovens, associado à falta de oferta e trabalho na periferia, fez o nível de desemprego no extremo leste da cidade atingir 23,5% – contra 12,4% no centro da cidade no ano passado. Ele também explica por que a probabilidade de um jovem morrer assassinado na área do M’Boi Mirim, na zona sul, é 19 vezes maior do que em Pinheiros, bairro de classe média.
Nem haveria necessidade de números tão contundentes para tomarmos consciência da associação de pobreza com falta de planejamento familiar e violência urbana: o número de crianças pequenas nas ruas dos bairros mais violentos fala por si. O de meninas em idade de brincar com boneca aguardando atendimento
nas filas das maternidades públicas também.
Basta passarmos na frente de qualquer cadeia brasileira em dia de visita para nos darmos conta do número de adolescentes com bebês
de colo na fila de entrada. Todos nós sabemos quanto custa criar um filho. Cada criança concebida involuntariamente por casais que não têm condições financeiras para criá-las empobrece ainda mais a família e o País, obrigado a investir em escolas, postos de saúde,
hospitais, merenda escolar, vacinas, medicamentos, habitação, Fome Zero e, mais tarde, na construção de cadeias para trancar os malcomportados.
O que o pensamento religioso medieval e as autoridades públicas que se acovardam diante dele fingem não perceber é que, ao negar o acesso dos casais mais pobres aos métodos modernos de contracepção, comprometemos o futuro do País, porque aprofundamos perversamente a desigualdade social e criamos um caldo de cultura que contém os três fatores de risco indispensáveis à explosão da violência urbana: crianças
maltratadas na primeira infância e descuidadas na adolescência, que vão conviver com pares violentos quando crescerem.
Drauzio Varella

quinta-feira, 15 de novembro de 2012


15 DE NOVEMBRO  DE   2012♥

ARTE AFRICANA

ARTE AFRICANA: uma expressão geográfica do mundo.