quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Evasão é um dos grandes problemas do ProJovem Urbano

18 de Dezembro de 2012  09h24  atualizado às 09h28

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Um novo emprego, um filho ou uma oportunidade em outra cidade são capazes de alterar significativamente a rotina de alguém - quase sempre, para melhor. Mas, para quem decide voltar à escola depois de anos longe da sala de aula, uma mudança inesperada pode significar novamente o fim do sonho de concluir os estudos. É o que acontece com muitos dos alunos do ProJovem Urbano, programa do Ministério da Educação (MEC) que confere certificação em ensino fundamental para jovens de 18 a 29 anos que concluírem 18 meses de lições teóricas e práticas sobre disciplinas do currículo tradicional e mercado de trabalho.
Foi difícil reunir alunos para as aulas na Escola Municipal de Tejipió, no Recife. Das 175 vagas abertas para a turma da metade do ano, apenas 110 foram preenchidas. Hoje, cerca de 50 jovens participam das atividades, no período da noite. "Tivemos um número muito grande de desistências, o que até é considerado normal em um programa para regularização escolar. Muita gente desiste no meio do caminho", diz a vice-diretora da instituição, Marcelle Pereira. O MEC não tem números a respeito de evasão, de acordo com sua assessoria de imprensa.

Além de problemas familiares ou esgotamento por jornadas de trabalho extensas, a professora acredita que o programa apresenta outras carências. "Quem volta para a escola já tem outra vivência, e eles demoram a se readequar à rotina escolar, ainda que ela seja diferenciada", afirma. Além das disciplinas tradicionais de ensino fundamental - matemática, português, inglês, ciências humanas e ciências da natureza -, os jovens têm treinamento em informática, aulas de formação profissional inicial e atividades de participação cidadã.

Mas, para a professora, a estratégia não vem sendo suficiente para motivar os alunos. Na escola de Tejipió, Marcelle acredita que as lições iniciais sobre mercado de trabalho não têm despertado muito interesse. "Eles se preocupam muito com o que vai acontecer depois, e cobram o fato de que as aulas práticas ficam para o final do programa. Nosso arco ocupacional é telemática, mas eles só vão ter noções práticas disso no final. Muitos desistem por não se sentirem estimulados", diz.

A coordenadora geral do ProJovem em Recife, Clara Siqueira, afirma que os alunos começam tendo aulas teóricas, para depois partir à parte prática. "Agora, eles estão vendo o mundo do trabalho de forma geral", diz. Ainda assim, Clara afirma que o objetivo do programa não é formar profissionais especializados, mas apenas qualificá-los inicialmente. "Os alunos sabem que a expectativa não é de sair como um profissional, mas dar um passo ao ensino médio e, quem sabe, ao técnico, que vai preparar mais", explica.

Escola entra em contato com aluno que falta demais

Das 90 vagas iniciais da Escola Municipal Mario Claudio, no Rio de Janeiro, restam apenas 35 alunos. Encontrar um emprego é o principal motivo pelo qual os jovens desistem do diploma. Segundo a professora Lucia Teresinha de Souza Oliveira, a carreira profissional parece ser mais importante do que a formação escolar. "Muitos não conseguem compreender que trabalho e estudo andam lado a lado", diz. Para evitar que o número de alunos que cumprem as horas previstas para conquistar a ceriticação seja ainda menor, a escola tem promovido ações para inseri-los na comunidade. "Promovemos passeios, idas a teatros, ao planetário. Queremos mostrar o quanto é importante que eles estejam engajados, que estejam munidos culturalmente. Nosso objetivo é fazer com que eles entendam que o estudo traz crescimento não só financeiro e profissional, mas também pessoal", afirma.

Em alguns casos, no entanto, a desistência acaba sendo inevitável. Antes disso, porém, assistentes sociais, professores e diretores tentam buscar respostas para faltas constantes e demonstrações de descontentamento. Em caso de doenças, por exemplo, o aluno tem a chance de realizar atividades de casa - tudo para não perder o diploma. "Nós lidamos com metodologia apropriada, trazemos atividades direcionadas. Mas esse é um direito do jovem, não o dever. Ele pode escolher não estudar", diz Clara. 

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