quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

OPINIÃO: “JUVENTUDE E TRABALHO”- POR ANA FLÁVIA

Confira o artigo da diretora estadual da UNE no Mato Grosso sobre Juventude e Trabalho
“Há tempos são os jovens que adoecem”  [Legião Urbana]
 Em meio às comemorações do mês do “Dia Internacional do Trabalho”, data instituída pela Internacional Socialista, em 1889, em homenagem aos trabalhadores assassinados pela  polícia da cidade de Chicago (EUA), quando manifestavam em favor da redução da jornada e por melhores  condições de trabalho, é importante fazer uma reflexão sobre as atuais condições de trabalho, em especial da juventude, parcela que representa mais de 30% da População Economicamente Ativa (PEA).
Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), em todo o mundo há 75 milhões de jovens sem emprego e essa taxa de desemprego é o triplo da verificada entre os adultos. Além disso, eles representam quase 40% do total de pessoas sem ocupação.
Quanto ao ingresso dos jovens no mercado de trabalho, ele está intimamente relacionado com a condição social dos mesmos: os jovens vindos de camadas populares começam a trabalhar antes da idade permitida por lei (16 anos, e de 14 a 15 na condição de aprendiz), sem mesmo ter completado o ensino fundamental. Já os de renda mais elevada, ingressam no mercado de trabalho os 18 anos, normalmente após já terem concluído o nível escolar médio. Além disso, os primeiros geralmente vão exercer os chamados “trabalhos não protegidos” (sem carteira assinada, com jornada de trabalho excessiva, em horário incompatível com os estudos, etc.).
Tal situação desfavorável também é vivenciada pelas jovens mulheres, por pessoas negras (de ambos os sexos), por  pessoas portadoras de deficiência e pertencentes ao grupo LGBT.
Assim, infelizmente, para a juventude, o mundo  do trabalho ainda é muito desfavorável: somos cerca de 40% do total de desempregados; os primeiros a serem demitidos em momentos de crise; somos expostos à precarização e recebemos os piores salários. Também  somos as principais vítimas dos assédios moral e sexual. Se negros, essas condições desfavoráveis são ainda mais intensas.  Ainda sem experiência profissional, alcançar o primeiro emprego é algo muito complicado.
Outros fatores ligados ao “mundo” juvenil, como o linguajar, o uso de piercing, tatuagens, corte e cor do cabelo, etc., também são fatores discriminatórios e que dificultam o jovem a alcançar um posto de trabalho.
Estudos têm mostrado que a falta de emprego gera uma série de transtornos para a juventude. Segundo pesquisa realizada por Sarriera e Verdin (1996), jovens desempregados apresentam menor nível de bem-estar psicológico, devido a um sentimento  de “vazio” e impotência frente às dificuldades de inserção no mercado de trabalho, que os desmotiva, privando-os de atitudes mais  positivas e perseverantes na busca  do mesmo.
Entendemos que para a inserção integral do jovem no mercado de trabalho a educação tem papel fundamental. Por isso, insistimos na reivindicação da garantia de um ensino “universal, público, gratuito e de qualidade” e na ampliação da formação profissional e tecnológica.
A  disponibilização de linhas de créditos para financiar empreendimentos específicos da juventude, sejam individuais ou cooperativos, é, também, necessário no caso de querer garantir trabalho autônomo e renda para os mesmos.
Entretanto, talvez o maior desafio a ser perseguido seja o de implementar políticas públicas que possibilitem ao jovem compatibilizar trabalho, estudo e vida social. Afinal, o trabalho não pode causar prejuízos que impeça a elevação da escolaridade e qualificação profissional da juventude.

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