História da Arte Neoclássica
O Neoclassicismo:
A partir das duas últimas décadas do século XVIII, uma nova tendência
estética predominou nas criações dos artistas europeus. Denominado
Neoclassicismo, esse estilo surgiu como reação ao Barroco e ao Rococó e
se caracterizou pelo desejo de recriar as formas artísticas da
Antiguidade greco-romana. A Afirmação do Neoclassicismo deve-se em
parte à curiosidade pelo passado desencadeada pelas escavações
arqueológicas de Pompéia e Herculano, cidades romanas soterradas pela
lava do vulcão Vesúvio em 79 d.C.
Os artistas, influenciados pelas idéias iluministas (filosofia que
pregava a razão, o senso moral e o equilíbrio em oposição à emoção) e
inspirados na pintura renascentista, sobretudo em Rafael, substituíram
as linhas diagonais e curvas do Barroco pelas retas firmes e
equilibradas. Os neoclássicos queriam expressar as virtudes cívicas, o
dever, a honestidade e a austeridade, temas que se opunham diretamente à
frivolidade da aristocracia retratada no período anterior.
Buscavam expressar, ainda, os valores próprios de uma nova e
fortalecida burguesia que assumiu a direção da sociedade européia após a
Revolução Francesa e, principalmente, com o império de Napoleão.
Para tal, retomou-se os princípios da arte da Antiguidade
greco-romana, tornando tais princípios, conceitos básicos para o ensino
das artes nas academias mantidas pelos governos europeus. Daí o
Neoclassicismo também ter sido denominado Academicismo.
Historicismo:
1775 – Rousseau publica Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens
1777 – Goya pinta O Guarda-Chuva
1789 – Início da Revolução Francesa
1807 – França invade Portugal
1760 – Escavações arqueológicas descobrem as cidades de Pompéia e Herculano
1822 – Independência do Brasil
1826 – Fundação da Academia de Belas-Artes no Brasil
1829 – Debret organiza a primeira exposição de arte no Brasil
1859 – Darwin desenvolve a teoria da seleção natural das espécies.
Um Estilo Suave, mas Rigoroso
De acordo com esta tendência, uma obra de arte só seria perfeitamente
bela na medida em que imitasse não as formas da natureza, mas as que
os artistas clássicos gregos e os renascentistas italianos já haviam
criado. E esse trabalho de imitação só seria possível através de um
cuidadoso aprendizado das técnicas e convenções da arte clássica. Por
isso, o convencionalismo e o tecnicismo reinaram nas academias de
belas-artes, até serem questionados pela arte moderna.
Arquitetura Neoclássica
Tanto nas construções civis quanto nas religiosas, a arquitetura
neoclássica seguiu o modelo dos templos greco-romanos ou das edificações
renascentistas italianas. Caracterizou-se pelo uso de fachadas
sóbrias, nas quais colunas dóricas ou jônicas sustentam frontões
triangulares.
Exemplos dessa arquitetura são a igreja de Santa Genoveva, em Paris
(transformada depois em Panteão Nacional, onde passaram a ser abrigados
os restos mortais de importantes personagens da história francesa) e a
Porta de Brandemburgo, em Berlim.
Escultura Neoclássica
A escultura neoclássica também buscou inspiração na Antiguidade
greco-romana. Utilizando materiais nobres como mármore e granito negro,
foi aplicada basicamente de forma decorativa em fontes e mausoléus. O
maior nome da estatuária neoclássica foi o italiano Antonio
Canova(1757-1822).
Missão Artística Francesa no Rio de Janeiro
O início do século XIX no Brasil é marcado pela chegada da família
real portuguesa, acompanhada por uma comitiva de 15 000 pessoas,
fugindo do conflito entre a França napoleônica e a Inglaterra. No Rio
de Janeiro, o soberano português começou uma série de reformas
administrativas e culturais, para adaptar a cidade às cidades da corte.
Assim, foram criadas as primeiras fábricas e fundadas instituições
como o Banco do Brasil, a Biblioteca Real, o Museu Real e a Imprensa
Régia. A partir de então, o Brasil recebe forte influência da cultura
européia. Oito anos mais tarde, a tendência europeizante da cultura da
colônia se afirma ainda mais com a chegada da Missão Artística
Francesa.
A Missão chegou ao Brasil chefiada por Joachin Lebreton e dela faziam
parte Nicolas-Antoine Taunay, Jean-Baptiste Debret e Auguste Jean de
Montigny. Esse grupo organizou, ainda em 1816, a Real Escola das
Ciências, Artes e Ofícios, mais tarde Imperial Academia e Escola de
Belas-Artes.
Taunay (1755-1830): uma das mais importantes
figuras da Missão, participou de várias exposições na corte de Napoleão
e nos cinco anos que permaneceu no Brasil produziu cerca de trinta
paisagens do Rio de Janeiro e regiões próximas.
Debret (1768-1848): é o artista da Missão mais
conhecido pelos brasileiros, pois seus trabalhos documentam a vida do
Brasil no século XIX e estão reproduzidos nos livros escolares. Já muito
premiado na Europa, realizou no Brasil, até sua partida em 1831,
imensa obra: retratos da família real, cenários para o Teatro São João,
ornamentações para festas públicas e oficiais e foi professor de
pintura histórica na Academia de Belas-Artes, onde realizou a primeira
exposição de arte no Brasil, em dezembro de 1829. Seu trabalho mais
importante e conhecido é uma obra em três volumes denominada Viagem
Pitoresca e Histórica ao Brasil, com 150 ilustrações que documentam os
usos e costumes indigenas, a sociedade e as paisagens do Rio de Janeiro,
plantas e florestas brasileiras. Suas obras ilustram ainda hoje os
livros de história do Brasil.
Montigny (1772-1850): foi o principal arquiteto
responsável pela alteração na arte de construir, fazendo o Brasil
abandonar os princípios barrocos e desenvolver o estilo neoclássico.
Montigny projetou o prédio da Academia de Belas-Artes, a Casa da Moeda e
o Palácio do Itamaraty no Rio de Janeiro.
A Academia e Escola de Belas-Artes formou grandes artistas nesse
período, a se destacar Manuel de Araújo Porto Alegre, pintor, paisagista
e caricaturista, poeta, escritor, teatrólogo e que chegou a ser
diretor da própria academia. Augusto Muller importante pintor
retratista e paisagista e Agostinho José da Mota, famoso pintor de
paisagens e naturezas- mortas e o primeiro artista brasileiro a obter
um prêmio internacional, na França.
Além dos artistas da Missão Francesa, vieram para o Brasil, no século
XIX, outros pintores europeus, motivados pela paisagem tropical e pela
existência de uma burguesia rica e desejosa de ser retratada. Dentre
eles, o mais famoso foi Johann- Moritz Rugendas (1802-1868), de origem
alemã que esteve no Brasil entre 1821 e 1825. Desse tempo, deixou um
livro, Viagem Pitoresca através do Brasil, com cem ilustrações
retratando o dia-a-dia do império, além de retratos a óleo da família
imperial.
O Estilo que Veio Substituir o Rococó
Nas duas últimas décadas do século XVIII e nas três primeiras do
século XIX, uma nova tendência estética predominou nas criações dos
artistas europeus. Trata-se do Academicismo ou Neoclassicismo, que
expressou os valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia, que
assumiu a direção da sociedade européia após a Revolução Francesa e
principalmente com o império de Napoleão.
Esse estilo chamou-se Neoclassicismo porque retomou os princípios da
arte da Antiguidade grecoromana. A outra denominação – Academicismo –
deveu- se ao fato de que as concepções artísticas do mundo greco-romano
tornaram-se os conceitos básicos para o ensino das artes nas academias
mantidas pelos governos europeus.
De acordo com a tendência neoclássica, uma obra de arte só seria
perfeitamente bela na medida em que imitasse não as formas da natureza,
mas as que os artistas clássicos gregos e os renascentistas italianos
já haviam criado. E esse trabalho de imitação só era possível através
de um cuidadoso aprendizado das técnicas e convenções da arte clássica.
Por isso, o convencionalismo e o tecnicismo reinaram nas academias de
belas-artes, até serem questionados pela arte moderna.
A Pintura do Neoclassicismo
A pintura desse período foi inspirada principalmente na escultura
clássica grega e na pintura renascentista italiana. O maior
representante da pintura neoclássica é, sem dúvida, Jacques Louis David
(1748-1825).
Ele nasceu em Paris e foi considerado o pintor da Revolução Francesa;
mais tarde, tornou-se o pintor oficial do Império de Napoleão. David,
sem dúvida, exerceu uma grande influência na pintura de seu tempo. Suas
obras geralmente expressam um vibrante realismo, mas algumas delas
exprimem fortes emoções, como é o caso do quadro que retrata a morte de
seu amigo Marat.
Já no século XIX, quando outras tendências artísticas marcavam
fortemente os pintores da época, Jean Auguste Dominique Ingres
(1780-1867) conservava uma acentuada influência neoclássica, herdada de
seus mestres, sobretudo de David, cujo ateliê freqüentou em 1797.
Sua obra abrange, além de composições mitológicas e literárias, nus,
retratos e paisagens, mas a crítica moderna vê nos retratos e nus o seu
trabalho mais admirável. Ingres soube registrar a fisionomia da classe
burguesa do seu tempo, principalmente no seu gosto pelo poder e na sua
confiança na individualidade.
Por outro lado, Ingres revela um inegável apuro técnico na pintura do
nu. Sua célebre tela Banhista de Valpinçon é um testemunho disso.
Nessa obra fica evidente o domínio dos tons claros e translúcidos para a
representação da pele e o domínio do desenho, uma das características
mais fortes de Ingres.