sábado, 25 de junho de 2011

Polícia

Dupla que matou professor planejou crime para roubar carro

Por: Marcelo Fernandes em 23 de Junho de 2011
Fotos: Anderson Gallo/Diário Online

Fábio (de preto) e Luiz Alberto (de azul) foram presos pela manhã no Loteamento Pantanal

Delegado Jeferson Dias considera crime esclarecido
"Trezentos gramas de pasta base de cocaína, que equivaleriam a 1.500 dólares (cerca de R$ 2.370 mil) e mais 200 dólares em dinheiro (R$ 316), esse foi o preço da vida do professor Ramão". A frase é do delegado titular do 1º Distrito de Polícia Civil de Corumbá, Jeferson Rosa Dias, ao apresentar os suspeitos pela morte do professor Ramão Jacinto Espíndola, 47. Com a prisão da dupla, o delegado que preside o inquérito considerou esclarecido o crime. "Considero o caso Ramão Jacinto Espíndola encerrado", afirmou.
Fábio Nascimento, 20 anos, e Luiz Alberto Cardoso, 24, foram presos na manhã desta quinta-feira , 23 de junho, durante ação do Serviço de Investigação do 1º DP, que cumpria mandados de busca e apreensões nas casas de Fábio e Luiz, no Loteamento Pantanal. Os dois moram na mesma rua, em casas que ficam uma na frente da outra. Fábio não tinha qualquer passagem policial, mas Luiz Alberto tinha registro por abigeato, que é furto de gado.
O titular do 1º DP disse que a dupla confessou ter planejado friamente o crime. "A intenção era simplesmente essa, matar para roubar e vender na Bolívia", afirmou o delegado. "Foi tudo planejado há algum tempo. Era matar, roubar, adquirir droga e vender na cidade para fazer dinheiro", complementou o delegado.
A ação criminosa aproveitou a proximidade de Fábio com a vítima e o acesso que ele tinha a casa do professor. "Foi tudo muito bem planejado, o Fábio mantinha contato com a vítima, a partir disso e vendo que o professor tinha algumas posses, resolveu, juntamente com o Luiz Alberto, planejar o crime", contou ao relatar o que a dupla havia dito em depoimento. O jovem de 20 anos (Fábio) foi aluno de Ramão e disse que tinha um relacionamento com o professor desde 2008.
Faca quebra no peito
De acordo com o delegado, os golpes foram desferidos por Luiz enquanto Fábio mantinha a vítima imobilizada na cama. "O Luiz Alberto desfere um golpe no peito, a vítima começa a agonizar e a pedir socorro. Ele dá outro golpe, quebra-se a lâmina (da faca) no peito da vítima. Ele então corre para a cozinha, pega outra faca e desfere mais golpes no pescoço. Foi isso que aconteceu", explicou o delegado sobre o momento do crime.
Depois de matarem a vítima, os dois furtaram home-theather; tela do computador; celular e um aparelho de DVD da casa da vítima. Os equipamentos foram colocados no carro do professor - um Ford KA branco -, que foi trocado por droga e mais 200 dólares na Bolívia. O veículo, segundo indicaram as investigações da Polícia Civil, já estaria na cidade boliviana de Santa Cruz de La Sierra, distante mais de 600 quilômetros de Corumbá.
A Polícia recuperou os produtos eletrônicos e encontrou nas casas 270 gramas da pasta base que havia sido trocada pelo carro. A dupla já havia comercializado 30 gramas do entorpecente, pelos preços de um a dois reais o papelote.
Ainda foram apreendidos facas - semelhantes às usadas para matar o professor - televisores; equipamentos de som; documentos e calçados. Inclusive um resto de bota que havia sido queimada, muito semelhante às pegadas encontradas na casa de Ramão, de onde a dupla saiu deixando a porta da frente encostada. O telhado quebrado, eles dizem que não foram os responsáveis, pois teriam entrado normalmente pela porta da frente, na noite da quinta-feira, 09 de junho. Todo o material apreendido vai ter a procedência investigada, pois pode ser originado da comercialização de drogas. A dupla foi autuada em flagrante por tráfico de drogas e indiciada por latrocínio.
Indiferentes ao crime
Responsável pelo comando das investigações, Jeferson Dias, destacou o comportamento, até certo ponto indiferente, que os dois "indiciados confessos" pela morte do professor Ramão demonstram o tempo todo. Na apresentação à imprensa, Fábio e Luiz estavam bastante calmos. "Eu acredito que eles ainda não entenderam o que está acontecendo. Não entenderam que cometeram um crime de latrocínio (roubo seguido de morte), que tem pena abstrata variando de 20 a 30 anos de prisão", afirmou o delegado.
Jeferson Dias esclareceu que outros três jovens inicialmente investigados não têm ligação com o caso. Foram investigados porque todos eles tinham comportamento semelhante ao de Fábio Nascimento, com relação ao professor.
Para esclarecer o crime do professor Ramão, o delegado Jeferson contou com apoio de denúncias da comunidade e trabalho intenso de investigações dos agentes do 1º DP. "A sociedade corumbaense nos ajudou muito através de informações. Em princípio, a nossa linha de investigação era outra, com três jovens. Agradeço a dedicação dos meus policiais, porque foi de grande valia para desvendarmos esse crime", enfatizou.
O delegado contou que no momento da prisão, um dos suspeitos confessou o crime olhando para a mãe dizendo, ao ser questionado por um dos policiais: "mãe, eu matei o professor". Jeferson Rosa Dias tem 30 dias para concluir o inquérito. Na segunda-feira, 27 de junho, vai representar pela prisão preventiva dos dois, que são "indiciados confessos" pelo crime de latrocínio contra Ramão Jacinto Espíndola.
Leia também: Morte de professor: dupla trocou carro por cocaína e 200 dólares

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