Fernanda Mattas

Sylma Lima

Interatividade

CAPITAL DO PANTANAL

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…Todo dia eu sou obrigada a olhar seu rosto sorridente no meu blog. Todos os dias eu sofro em silencio e busco enxergar através daqueles olhinhos brilhantes alguma resposta para o que aconteceu com você. Não consigo entender porque partiu assim. Não consigo compreender porque sua morte me fragiliza tanto. Talvez por entender – por experiência própria – um pouquinho de sua trajetória, ou por conhecer a realidade da desigualdade tão desumana evidenciada a cada nova vitima do sistema negligente que destrói vidas , mata sonhos e corrompe o mais puro dos homens.
Quero escrever outro artigo para não ver sua foto que tanto me faz sofrer, porque você tem um pouco de minha filha e me sinto um pouco sua mãe. Não posso explicar este sentimento. Nos falamos tão poucas vezes. Nossos encontros sempre foram silenciosos, porque aprendi a  respeitar sua individualidade. Hoje vejo esse sorriso de quem esperava mais da vida, e acreditava que esta lhe devesse algo precioso. Mas ela agiu como madrasta e de um só golpe acabou com tudo. Não entendo e jamais vou entender os caprichos do destino, só lamento tanto não poder ter dito o quanto gostava de você e me arrependo muito disso. É como se lhe devesse algo e soubesse que nunca mais terei a chance de pagar…
Talvez todos devamos a você a vida que lhe foi roubada, os filhos que não teve,  a carreira brilhante, o marido dos seus sonhos e todo o universo de possibilidades que toda jovem sonha para seu futuro. Que nos perdoe pela ignorância, pela pressa , pela mediocridade, pela arrogância, pelo o orgulho desmedido e pela falta de palavras que hoje calariam nossas consciências pesadas.
Sylma Lima.