segunda-feira, 6 de maio de 2013

Educar sem  medo

Pra que os filhos não sofram a gente faz o que pode para evitar dar bronca e pôr de castigo. O resultado é que eles vão crescer sem limites e um tanto folgados.

Por Adriana Teixeira 4/mai 09:47
Crianças Francesas Não Fazem Manha, da jornalista Pamela Druckerman, é o livro do momento sobre pais e filhos. Mas não pense que é porque traz alguma dica original sobre educação libertária: o segredo das crianças francesas está no bom, velho e tão sem uso limite. Graças a ele, conta a autora, as crianças sentam à mesa do restaurante e não fazem birra, esperam sua vez de falar e vão pra o quarto na hora certa de dormir. E os pais de lá – conta Pamela – não têm medo de cara feia e choro. O outro segredo das crianças francesas é que seus pais não são reféns de seus filhos, como os pais norte-americanos (de onde vem a autora) e nem os brasileiros.
No fundo a gente sempre quer acreditar que exista uma solução nova, que ainda não foi pensada pra nos ajudar, não é mesmo?  Eu procuro, procuro e fico mesmo achando que o melhor caminho é esse que a gente está fazendo aqui: debater, trocar comentários e experiências. Mas acho que a ânsia de achar uma novidade sobre o assunto educação de filhos é o avesso do cansaço... Às vezes você não fica exausta(o) de falar zilhões de vezes a mesma coisa? Eu me sinto muito assim. Mas é porque filhos, afinal, dão trabalho! Manter os filhos sadios e felizes dá um trabalhão, não é?! É esse trabalho a tal explicação que o livro dá: crianças não fazem manha porque os pais dão duro diário em ensiná-las a respeitar os limites dos outros. Os dos adultos, principalmente.

O livro também fala de limite com liberdade, que é aquela história de estabelecer combinados: sim, você pode tirar todos os brinquedos do gavetão para brincar, mas o quarto tem de ficar arrumado quando a brincadeira acabar. Fazia isso com meu primeiro filho, quando ele tinha 3 anos, e foi ótimo, porque o João foi adquirindo o controle e segurança da arrumação dos próprios carrinhos e isso o deixava bem tranquilo! 
Depois do limite dado, é legal garantir a autonomia também. Se minha filha quiser aproveitar a brincadeira até o último minuto antes das amigas irem embora, precisará arrumar seu quarto sozinha depois; ou poderá explicar para as amigas a regra da casa que, educadamente, podem se oferecer para ajudar. Não é a mãe que deve gerenciar o “como” a regra será cumprida, mas é a mãe que deve garantir que a regra seja cumprida! Em outras palavras, não vale ficar com pena e ir lá arrumar o quarto. A criança vai gastar o dobro do tempo que você arrumando brinquedos, não vai arrumar tão bem e pode até se atrasar pra o jantar por causa disso. Mas terá cumprido o combinado, se sentirá feliz por isso (ainda que só inconscientemente) e isso é o que constrói o caráter dela. Quando fazemos o contrário, é por medo. Medo de estar tratando-a com muita rigidez ou medo de uma reação ruim por parte da criança que acabe em briga, desgaste pra os pais e sofrimento para os filhos. E o medo é tudo de ruim para uma relação, porque diferente do respeito, que consolida valores, o medo cria a opressão de um lado que domina e de outro que é dominado. Não queremos que nossos filhos nos temam, certo? Mas queremos que eles nos respeitem? Então, seja pra dar o sorvete que prometeu, seja pra dar o castigo que ameaçou, temos que cumprir nossa palavra. É nosso exemplo, como pais, o que está em jogo. 

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