© Texto de João Werner
Dante cita-o na Divina Comédia , dizendo ele haver superado Cimabue, seu mestre. Vasari (1511-74), o pai da História da Arte, afirma que os pintores do Renascimento aprenderam tanto com Giotto quanto aprenderam com o estudo da natureza.
Lenda ou não, o fato é que não há qualquer documentação que comprove ser da autoria de Giotto qualquer obra a ele atribuída. Dois dos conjuntos de pinturas que são consideradas realizadas por ele, a Capela Scrovegni em Florença e a Igreja de São Francisco em Assis, têm tão grandes diferenças no estilo que muitos historiadores não admitem terem sido feitas pela mesma pessoa. Desvendar a autoria de Giotto é uma das maiores controvérsias na história da arte atual.

A maior habilidade de Giotto está em unir um senso de realidade inédito na arte da época somado à capacidade de produzir ilustrações extremamente expressivas e humanas do texto bíblico. Como veremos em detalhe, suas pinturas causavam grande assombro entre seus contemporâneos, dada a sua grande semelhança com o mundo visível. Por outro lado, a caracterização que fez de São Francisco é considerada uma grande influência no modo como a posteridade imaginou a figura do santo católico.
Estilo
Para nossa época, acostumada aos milagres do Renascimento, à precisão fotográfica de Leonardo, Rafael e Michelangelo, o cultuado realismo de Giotto parece ser ainda grosseiro e tosco. Entretanto, não devemos esquecer que o parâmetro dos contemporâneos do mestre florentino eram as criações extremamente estilizadas dos bizantinos. Vasari e os outros chamavam-nas de maneira grega, com um explícito tom pejorativo.
Dadas as características técnicas da criação do mosaico bizantino, grosso modo composto pela justaposição de pequenos blocos de pedra ou vidro, o resultado final carecia muito de sutileza na representação da figura humana. As personagens eram compostas de modo geometrizado, com linhas definidas e pouca ou nenhuma gradação tonal. Os afrescos e pinturas criadas na época eram, em grande parte, baseadas em uma mera transposição deste estilo do mosaico para apintura.


Expressão
Entretanto, sem perder a humanidade das figuras, Giotto soube criar uma intensa expressão moral em suas figuras. Este efeito é obtido pelo emprego de alguns recursos estilísticos bastante interessantes.
Inicialmente, o cenário é austero, pouco decorado como era costume nos mosaicos bizantinos. Nada da filigrana dourada ou dos tecidos extremamente texturados das cenas góticas. Ao contrário de uma pintura elegante e ornamentada de um pintor como Simone Martini (c. 1285-1344), as personagens de Giotto se vestem de modo simples, sem ostentação. Giotto despoja as personagens bíblicas dos paramentos da nobreza. Neste procedimento, acompanha o crescente movimento Franciscano, que dentro da Igreja Católica Romana pregará por uma religiosidade mais simples e intimista.
Inicialmente, o cenário é austero, pouco decorado como era costume nos mosaicos bizantinos. Nada da filigrana dourada ou dos tecidos extremamente texturados das cenas góticas. Ao contrário de uma pintura elegante e ornamentada de um pintor como Simone Martini (c. 1285-1344), as personagens de Giotto se vestem de modo simples, sem ostentação. Giotto despoja as personagens bíblicas dos paramentos da nobreza. Neste procedimento, acompanha o crescente movimento Franciscano, que dentro da Igreja Católica Romana pregará por uma religiosidade mais simples e intimista.
Toda a cena pintada por Giotto desenrola-se no primeiro plano, sem grandes desdobramentos até o fundo. O que se vê, está todo dado de imediato, e pode ser apreendido em um único golpe de vista. Além disso, Giotto coloca o ponto de vista do observador abaixo da linha média das figuras. Isto é, o observador é levado em conta na concepção da obra, dela fazendo parte como uma testemunha presente.
Entretanto, o principal efeito expressivo de Giotto é seu poder em evocar uma terna humanidade nas figuras de suas pinturas. O pintor era um extraordinário contador de estórias. Os gestos, as pausas e as distâncias entre as personagens são cuidadosamente trabalhadas. Para ficar apenas com um dos mais expressivos gestos criados por Giotto, podemos citar dois momentos distintos de um beijo.


Capela Scrovegni (Arena), Pádua


Igreja Maior de São Francisco, Assis

Segundo alguns pesquisadores, um importante desenvolvimento técnico no afresco foi utilizado por Giotto e sua escola no canteiro de obras da igreja inferior de Assis. Anteriormente, era hábito trabalhar o afresco em faixas horizontais, de cima para baixo na parede, descendo dia a dia os andaimes (pontate). Giotto alterou esta prática, adotando um método mais apropriado à criação expressiva e à necessidade de uma jornada (giornata) de trabalho. A camada fresca de argamassa (intonaco) era derrubada no final de um dia, caso não tivesse sido utilizada na pintura. Assim, as figuras individuais podiam receber maior atenção do mestre pintor, que não precisava apressar-se para concluir uma faixa horizontal inteira de parede. Este método conferia, também, uma maior organicidade ao conjunto pois a divisão do trabalho era mais criativa do que mecânica.
Veja mais: http://www.auladearte.com.br/historia_da_arte/giotto_estilo.htm#ixzz3WoxhA4Gu
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