sábado, 18 de abril de 2015

GAETA......

Sábado, 21 de Dezembro de 2013, 

Com Gaeta vestido de vermelho, era só chumbo grosso na Assembleia Legislativa...

Corumbaense Cecílio de Jesus Gaeta tinha língua afiada e o público da sempre lotada galeria naquele distante final da década de 70 antes da divisão de Mato Grosso ficava ouriçado

Por: NELSON SEVERINO








Quando o deputado corumbaense Cecílio de Jesus Gaeta pisava o plenário da Assembleia Legislativa todo vestido de vermelho – às vezes ele enrolava o cós da calça para mostrar que estava usando até cueca vermelha – o público da sempre lotada galeria naquele distante final da década de 70 antes da divisão de Mato Grosso ficava ouriçado, porque era sinal que vinha chumbo grosso naquela sessão.

Com uma bancada pequena, mas atuando em perfeita sintonia, quando a turma do valente Partido do Movimento Democrático (MDB), que depois virou o hoje PMDB, decidia atacar o governador Garcia Neto ou alguém do seu “staff”, os deputados da Arena iam saindo de mansinho do plenário e se mandando para seus gabinetes para não ter que ouvir violentas críticas e denúncias contra as pessoas que tinham a obrigação de defender.

De vez em quando, uns deputados mais ousados – o desbocado e falecido Milton Figueiredo, o também já falecido Ari Leite Campos e Oscar da Costa Ribeiro – tentavam defender o governo, mas, como sempre, se davam mal. Na realidade, não era fácil enfrentar a pequena tropa de choque emedebista, que tinha oradores ferozes como o próprio Gaeta, Sérgio Cruz, Valter Pereira, Carlos Bezerra...

Imagem da Internet
Deputado corumbaense Cecílio de Jesus Gaeta
Com Mato Grosso ocupando grande espaço no noticiário nacional e até mesmo internacional por causa da violência que se alastrava pelo Estado – assassinatos de dois padres (Rudolf Lunkenbein, em General Carneiro e João Bosco Penido Burnier, em Ribeirão Cascalheira) em menos de três meses), conflitos entre posseiros, fazendeiros e grileiros e invasões de terras indígenas – o que não faltava era assunto para os emedebistas descer o sarrafo no governo.

E com tanta munição no dia a dia, a maior vítima da oposição era o então secretário de Segurança Pública do Estado, coronel aposentado do Exército Aloísio Madeira Évora, que veio do Rio de Janeiro para Mato Grosso com a dura missão de colocar ordem na casa. Era muito difícil passar uma sessão sem o pau cantar duro no lombo de Madeira.

Aliás, embora há muitos anos afastado da política partidária, Gaeta continua com a língua de trapo – como ele era chamado pelos jornalistas da época – afiadíssima como nunca. Ainda outro dia, ao passar por Dourados-MS, Gaeta disse numa entrevista que o presidente Lula só não roubou mais do Brasil, porque só tem nove dedos nas mãos...

Numa das sessões matinais da Assembleia Legislativa quando Gaeta desopilava o fígado contra Madeira Évora, um deputado situacionista que só abria boca para dizer sim ou não nas votações, tirou a bunda da cômoda cadeira e caminhou na direção da tribuna. Gaeta interrompeu imediatamente seu ácido discurso e perguntou em tom irônico: “O nobre deputado quer um aparte, quer...”

– Não senhor, estou indo apenas dar uma mijadinha...” – foi a sua rapidinha .resposta .

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