quinta-feira, 7 de março de 2013

NEOCLASSICISMO E ROMANTISMO/MARÇO 2013

Neoclassicismo e Romantismo


DAVID, Jacques-LouisAnne-Marie-Louise Thélusson, 1790

O neoclassicismo é um movimento artístico que, a partir do final do século XVIII, reagiu ao barroco e ao rococó, e reviveu os princípios estéticos da antigüidade clássica, atingindo sua máxima expressão por volta de 1830. Não foi apenas um movimento artístico, mas cultural, refletindo as mudanças que ocorrem no período, marcada pela ascensão da burguesia. Essas mudanças estão relacionadas ao racionalismo de origem iluminista, a formação de uma cultura cosmopolita e profana.
Entre as principais filosofias do período neoclássico temos a pregação da tolerância; da igualdade e fraternidade entre os povos (nada mais nada menos que os ideias revolucionários que motivaram a Revolução Francesa), ou seja, o pensamento iluminista.
A arte vai tornar-se eco dos novos ideais da época: subjetivismo, liberalismo, ateísmo e democracia. Esses foram os elementos utilizados para reelaborar a cultura a partir de um modelo idealizado da antigüidade clássica, greco-romana.

No século XVIII, as rápidas e constantes mudanças acabaram por dificultar o surgimento de um novo estilo artístico. O melhor seria recorrer ao que estivesse mais à mão: a equilibrada e democrática antigüidade clássica. E foi assim que, com a ajuda da arqueologia (Pompéia tinha sido descoberta em 1748), arquitetos, pintores e escultores logo encontraram um modelo a seguir.

Surgiram os primeiros edifícios em forma de templos gregos, as estátuas alegóricas e as pinturas de temas históricos. As encomendas já não vinham do clero e da nobreza (lembrem-se da Revolução Francesa que cortou as cabeças destas classes), mas da alta burguesia, mecenas incondicionais da nova estética. A imagem das cidades mudou completamente. Derrubaram-se edifícios e largas avenidas foram traçadas de acordo com as formas monumentais da arquitetura renovada, civil, estatal, referente às novas instituições burguesas que passariam a existir pós- revolução burguesa – universidades, foros públicos, bancos, etcs.

O Neoclassicismo foi marcado pela história, não apenas no que diz respeito à temática das obras de arte, mas também na relação entre sujeito e sociedade. Ou seja, com a ascenção da Burguesia no poder começou a ser necessario a contrução de um passado – antes isso não era necessario pois a nobreza tinha o vínculo com o passado, com a descendência de sangue e de tradição, como algo muito natural – a burguesia por sua vez viu-se obrigada a inventar seu passado, a forjar sua tradição. È o período das grandes coleções, o inicio dos grandes museus como instituições públicas e privadas, da criação da Enciclopédia, etc.

Entre as principais características podemos generalizar da seguite maneira:

1. Retorno ao passado, pela imitação dos modelos antigos greco-latinos;

2. Academicismo nos temas e nas técnicas, isto é, sujeição aos modelos e às regras ensinadas nas escolas ou academias de belas-artes;

3. Arte entendida como imitação da natureza, num verdadeiro culto à teoria de Aristóteles.

4. Vínculo político com os ideais revolucionários promovendo a emancipação temática das grandes pinturas históricas.
Pintura

A pintura desse período foi inspirada principalmente na escultura clássica grega e na pintura renascentista italiana, sobretudo em Rafael, mestre inegável do equilíbrio da composição.
De uma forma geral caracterizou-se pela exaltação de elementos mitológicos ou pela celebração dos grandes momentos históricos, Napoleão foi um tema recorrente do período! As figuras pareciam fazer parte de uma encenação teatral e eram desenhadas numa posição fixa, como que interrompidas no meio de uma solene representação. A função narrativa era interpretada como uma gélida encenação. O fato histórico se subordinava à teatralização, à captação de um momento perpetuado na história.

David - Morte de Marat - 1793

As figuras eram muito rígidas, e os rostos muito sérios, quase sem expressão, simulavam máscaras das antigas tragédias gregas. As túnicas e capas caíam em dobras pesadas e angulosas, cobrindo as formas do corpo. A moda da época, chamado estilo Império, é bem identificada nas pinturas da época, era bem mais simples e também fazia eco à cultura grega da antiguidade. A Moda foi ativista e política contra o soberbo e luxuriante estilo rococó (vide Maria Antonieta). Tudo era mais simples, os tecidos, a modelagem, os penteados, o sapatos, etc.


DAVID, Jacques-LouisMadame Raymond de Verninac 1798-99

Na pureza das linhas e na simplificação da composição, buscava-se uma beleza deliberadamente estatuária. Os contornos eram claros e bem delineados, as cores, puras e realistas, e a iluminação, límpida. Tal e qual acontecia no Renascimento, porém as técnicas de pintura era mais elaboradas, o que propicia um realismo indescritível às obras neoclássicas.

Características da pintura:

Formalismo na composição, refletindo racionalismo dominante.

Grandes formatos

Exatidão nos contornos

Harmonia do colorido

Temática histórica

Os maiores representantes da pintura neoclássica são, sem dúvida,

Jacques-Louis David - foi considerado o pintor da Revolução Francesa, mais tarde, tornou-se o pintor oficial do Império Napoleônico. Durante o governo de Napoleão, registrou fatos históricos ligados à vida do imperador. Suas obras geralmente expressam um vibrante realismo, mas algumas delas exprimem fortes emoções.

Napoleon at the St. Bernard Pass 1801

Jean-Auguste-Dominique Ingres
(1780-1867), o pintor foi uma espécie de cronista visual da sociedade de seu tempo. Ingres acreditava qua a tarefa primordial da arte era produzir quadros históricos. Ardoroso defensor da pureza das formas, ele afirmava, por exemplo, que desenhar uma linha perfeita era muito mais importante do que colorir. " A pincelada deve ser tão fina como a casca de uma cebola", repetia a seus alunos. Sua obra abrange, além de composições mitológicas e literárias, nus, retratos e paisagens, mas a crítica moderna vê nos retratos e nus o seu trabalho mais admirável. Ingres soube registrar a fisionomia da classe burguesa do seu tempo, principalmente no gosto pelo poder e na sua confiança na individualidade. Amante declarado da tradição. A modernidade de Ingres está justamente na visão distanciada que tinha de seus retratados, na recusa a produzir qualquer julgamento moral a respeito deles, numa época em que se consumava o processo de aliança entre a nobreza e a burguesia. O detalhismo também é uma das suas marcas registradas. Seus retratos são invariavelmente enriquecidos com mantos aveludados, rendas, flores e jóias.

Ingres tem também característica muito românticas em suas pinturas presente no colorido muito vivo e no interesse pelo exótico, pelo mundo extra-europeu. Alguns artistas neoclássicos trilharam caminhos próximos à temática romântica, tornando difícil estabelecer um limite claro entre os discursos das duas correntes artísticas.


Napoleon I on the Imperial Throne1806

Princess de Broglie1851-53
Escultura:
Os escultores neoclássicos foram marcados pelo rigor e pela passividade e sua produção academicista é considerada fria.

Estátuas de heróis uniformizados, mulheres envoltas em túnicas de Afrodite, ou crianças conversando com filósofos, foram os protagonistas da fase inicial da escultura neoclássica. Mais tarde, na época de Napoleão, essa disciplina artística se restringiria às estátuas eqüestres e bustos focalizados na pessoa do imperador. A referência estética foi encontrada na estatuária da antigüidade clássica, por isso as obras possuíam um naturalismo equilibrado.

Respeitavam-se movimentos e posições reais do corpo, embora a obra nunca estivesse isenta de um certo realismo psicológico, plasmado na expressão pensativa e melancólica dos rostos. A busca do equilíbrio exato entre naturalismo e beleza ideal ficava evidente nos quais os volumes e as variações das posições do corpo eram estudados com cuidado. O escultor neoclássico encontrou o dinamismo na sutileza dos gestos e suavidade das formas.

Quanto aos materiais utilizados, os mais comuns eram o bronze, o mármore e a terracota, embora, a partir de 1800, o mármore branco, que permitia o polimento da superfície até a obtenção do brilho natural da pele, tenha adquirido preponderância sobre os demais. Entre os escultores mais importantes desse período destacam-se o italiano Antonio Canova, escultor exclusivo da família Bonaparte.




O ROMANTISMO


O romantismo foi um movimento artístico ocorrido na Europa por volta de 1800, que representa as mudanças no plano individual, destacando a personalidade, sensibilidade, emoção e os valores interiores.
Atingiu primeiro a literatura e a filosofia, para depois se expressar através das artes plásticas.
A arte romântica se opôs ao racionalismo da época da Revoluçao Francesa propondo a elevação dos sentimentos acima do pensamento. Curiosamente, não se pode falar de uma estética tipicamente ou exclusivamente romântica, visto que nenhum dos artistas se afastou completamente do academicismo, mas sim de uma homogeneidade conceitual pela temática das obras.

A podução artística romântica reforçou o individualismo na medidade em que baseou-se em valores emocionais subjetivos e muitas vezes imaginários, tomando como modelo os dramas amorosos e as lendas heróicas medievais, a partir dos quais revalorizou os conceitos de pátria e república. E mostrou especial interesse pelas culturas exóticas, pela alteridade.


Delacroix The Death of Sardanapalus


Delacroix

A pintura foi o ramo das artes plásticas mais significativo, foi ela o veículo que consolidaria definitivamente o ideal de uma época, utilizando-se de temas dramitico-sentimentais inspirados pela literatura e pela História. Procura-se no conteúdo, mais do que os valores de arte, os efeitos emotivos, destacando principalmente a pintura histórica.

Novamente a revolução e seus desdobramentos servem de inspiração; agora são as Guerras Napoleônicas que inspiram uma arte dramática, de tendência mais politizada.

As cores se libertaram e fortaleceram, dando a impressão, às vezes, de serem mais importantes que o próprio conteúdo da obra. A paisagem passou a desempenhar o papel principal, não mais como cenário da composição, mas em estreita relação com os personagens das obras e como seu meio de expressão.

O romantismo foi marcado pelo amor a natureza livre e autêntica, pela aquisição de uma sensibilidade poética pela paisagem, valorizada pela profusão de cores, refletindo assim o estado de espírito do autor.

Na França e na Espanha, o romantismo produziu uma pintura de grande força narrativa e de um ousado cromatismo, ao mesmo tempo dramático e tenebroso. É o caso dos quadros das matanças de Delacroix, ou do Colosso de Goya, que antecipou, de certa forma, a pincelada emocionada do expressionismo.


Goya - 3 de maio


Goya - Maja Desnuda


Goya - Maja vestida


Gravura de Goya


Goya - gravura - O sonha da razão produz monstros

Também podemos dividir o período romantico em dois discursos que vão orientar as produções artísticas: temos o pitoresco e o sublime.
O discurso do sublime vem geralmente associado à grandiosidade, à transcendência, às experiências mais metafísicas. Papel especial desempenharam a morte heróica na guerra e o suicídio por amor. O é o lado escuro e tenebroso do período, porém não deve ser necessariamente ligado ao mal, e sim ao inesplicável, ao inalcansável, a universal.


Goya - Saturno devorando o filho (detalhe)


Caspar David Friedrich


Turner - Tempestade de neve

O discurso do pitoresco vem ligado à simplicidade, à natureza mais palpável das coisas, geralmente refere-se ao cotidiano, à paisagens familiares, bucólicas. O pitoresco é a recusa
de ser mais impressionante que a natureza. É a grandiosidade do discreto e do despretensioso.


Constable - Wivenhoe Park


Constable - paisagem

Constable é reconhecidamente um pintor romântico ligado à estética do pitoresco, porém, certas vezes parece que flerta com o sublime, principalmente em suas paisagens cujo céu é o grande protagonista.

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