sexta-feira, 11 de abril de 2014

aleijadinho- vida e obras

Antonio Francisco Lisboa
Esta parte segue como reconhecimento e homenagem a um dos maiores mestres na arte barroca, ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA, nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, em 29 de agosto de 1730. Era filho de Manuel Francisco da Costa Lisboa (arquiteto português) e de uma humilde escrava que atendia pelo nome de Izabel – esta fora liberta por ocasião do batizado da criança. Teve dois outros irmãos da mesma mãe e um irmão oriundo do legítimo casamento do seu pai – o Padre Félix Antônio Lisboa. O Aleijadinho teve um filho, aos quarenta e sete anos de idade, a quem deu o nome do pai – Manuel Francisco.
Antonio Francisco Lisboa - Aleijadinho
Falar de Antônio Francisco Lisboa é falar do arquiteto das estátuas de Pedra Sabão e dos detalhes enobrecedores das Igrejas de Ouro Preto, Mariana, Sabará, São João Del Rey e Bom Jesus de Matosinhos. Essa é a idéia que se forma em minha mente e que eu creio que igualmente se forma nas mentes dos irmãos no momento poético do enlace maravilhoso entre homem e arte, quando a perfeição da arte revela o sentido de uma vida e reflete a expressão de uma obra. É estranha e sensível a expressão que se apodera do espírito ao contemplar aquelas obras a quem a pedra sabão, a madeira, o gesso e por vezes, as palavras destinaram à imortalidade, O ALEIJADINHO morreu a 18 de novembro de 1814, aos 76 anos de idade, mas continua vivo em suas obras e se perpetua na eternidade todas as vezes que pronunciamos o seu nome e esse instrumento de perpetuação nada mais faz do que traduzir a unidade que se reflete na vida que as suas obras representam.
Neste dia de hoje, eu, entretanto, não pretendo falar da arte ou das obras do ALEIJADINHO. Não pretendo me aprofundar em sua biografia e muito menos na indagação se ele foi ou não maçom. Isto o farei em uma outra oportunidade. Hoje pretendo tecer algumas breves considerações a propósito do mal que o acometeu – a sua doença – doença que o tirou do anonimato e o colocou nos degraus da arte suprema ao lado dos grandes gênios da escultura universal. Pretendo, ainda, mostrar aos irmãos que a figura aparentemente pavorosa do gênio da escultura, não era instrumento de repulsa e que o artista apesar da sua feiúra provocada pela doença, era muito querido e respeitado em sua comunidade.
Antonio Francisco Lisboa - Aleijadinho
ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA era um mulato escuro, corpo cheio e mal formado, tinha testa larga, orelhas grandes, pescoço curto, cabelos pretos anelados e abundantes, nariz um tanto afilado, barba inteira e cerrada, lábios grossos e era de estatura baixa. Assim, o ALEIJADINHO foi retratado por diversos pintores. Diz-se que sabia ler e escrever, mas não consta que tivesse freqüentado alguma outra aula além das primeiras letras, embora fique evidenciado que sabia o latim.
Em sua formação e no seu atavismo mesclaram-se as qualidades tradicionais do povo lusitano e brasileiro: parcimônia, mansidão, resistência, tenacidade frente ao duro labor que a vida e a doença lhe impôs – fato que serve de exemplo e amparo quando nos acovardamos diante das dificuldades que por vezes nos tolhem os passos e, quando nos intimidamos diante das nuvens que, não raro, nos sombreiam os horizontes.
A sua vida, em que pese à fama atual, transcorreu no mais perfeito e completo anonimato, tal é a pobreza de informações. Exceto alguns recibos da contratação dos trabalhos realizados e do atestado de óbito, que relata que morreu na rua do Areião, não há outras informações a propósito da causa mortis, da sua doença e da sua vida. Seu primeiro biógrafo – o professor RODRIGO JOSÉ FERREIRA BRETAS, nascera no mesmo ano em que morrera o Aleijadinho (1814) e "Os Traços Biográficos Relativos ao Finado Antônio Francisco Lisboa, distinto escultor, mais conhecido pelo apelido de Aleijadinho" só veio a lume 44 anos após o falecimento do artista.
A DOENÇA
Brêtas ao relatar a doença do ALEIJADINHO, diz que "... as pálpebras inflamaram-se e permanecendo neste estado, oferecia à vista sua parte interior, perdeu quase todos os dentes e a boca entortou-se, como sucede freqüentemente ao estuporado; o queixo e o lábio inferior abateram-se um pouco, o que lhe emprestou uma expressão sinistra e de ferocidade, que chegava mesmo a assustar a quem o encarasse inopinadamente. Perdeu todos os dedos dos pés, o que resultou não poder andar, senão de joelhos; os dedos das mãos atrofiaram-se e curvaram-se, chegando alguns a cair, restando nas mãos os dedos polegares e os índices". A sua nora, Joana Lopes, disse que ele tinha "enormes tumores pelo corpo e uma lesão cortocontusa na pele do abdome".
A propósito da sua aparência, tenho um relato que vou retratar ligeiramente: "Conta-se que, tendo comprado um preto boçal de nome Januário – atentara este contra a própria vida, servindo-se de uma navalha, tendo dito antes, que assim o fazia para não se ver obrigado a servir a um senhor tão feio". Salvou-se e mais tarde tornou-se um bom e dedicado escravo. Chamo a atenção para o fato de ter sido o escravo Januário o encarregado de puxar o burro que conduzia o ALEIJADINHO e nele o colocava e tirava.
A propósito da doença – os autores mais prudentes e com mais consciência, não emitem opinião. Outros admitem hipóteses – todas levantados por médicos e leigos. Devo dizer que não há nenhum registro à época, da sua doença. Não há registro que fora tratado, nem receituário médico ou farmacêutico que ateste qualquer coisa. Segundo, portanto, as opiniões a seguir transcritas foram emitidas por médicos.
·        LACLETE (1925), em artigo para a Edição Especial do Jornal de Minas Gerais, afirmou ser LEPRA NERVOSA a doença do Aleijadinho;
·        JOSÉ MARIANO FILHO (1940), concluiu ser o MAL DE HANSEN ou Mal de São Lázaro;
·        MAURANO (1941), disse tratar-se de um caso raro de LEPRA;
·        PASSIG (1945), disse tratar-se de ICTUS CEREBRAL ocasionado pela SÍFILIS;
·        ADAD (1945), concluiu ser LEPRA, mas acha que o Aleijadinho sofria também de HIPERTIREOÍDISMO;
·        EUGÊNIO MAURO (1950), disse ter sido LEPRA a doença do Aleijadinho.
Outro médico, como AGRIPA DE VASCONCELOS, falou que a doença do Aleijadinho teria sido Seringomielia. FERNANDO LEMOS, disse ser Framboesia Tropical (Bouba). FERNANDO JORGE (Este não era médico) em seu livro – "O Aleijadinho, sua vida, sua obra, seu gênio" – afirmou que a doença do Aleijadinho era "Fácies Leonina dos Morféticos". FERREIRA BRETAS concluiu como sendo o ALEIJADINHO um "Estuporado". Falou-se muito também em "Zamparina".
O Professor ALÍPIO CORRÊA NETTO em sua obra "A DOENÇA DE ALEIJADINHO", descreve, compara e afirma ter sido o ALEIJADINHO acometido de uma "TROMBOANGEÍTE OBLITERANTE", uma gangrena das extremidades das partes afetadas a que se segue a inflamação e à detenção do sangue venoso nas extremidades dos membros, isto é, a falta de sangue arterial ou a falta de circulação sangüínea. Seguem-se, nestes casos, as manifestações clínicas da gangrena: dor típica (local), moleza, insensibilidade, diminuição do calor e a parte afetada se faz lívida, seguindo-se as esfoladuras, ficando a parte afetada convertida em uma crosta negra e fétida. Os membros, se não retirados (amputados) caem.
Trata-se de uma doença crônica incluída no campo da ARTERIOSCLEROSE – é uma doença que dura decênios e as dores provocadas pela doença pode ser periódicas ou contínuas. A moléstia encontra sua razão na obstrução dos troncos arteriais e venosos por espessamento de suas camadas internas e coagulação do sangue no seu interior, entupindo-os. Outras enfermidades que também leva à gangrena das extremidades e conseqüentes mutilações são a ENDARTERITE OBLITERANTE e esta, igualmente, vinculada à ARTERIOSCLEROSE. Esse tipo de mal pode ocorrer em nossos dias, com mais facilidade nos portadores de diabetes, em conseqüências das alterações verificadas neste tipo de doença.
O Professor e Médico – ALÍPIO CORRÊA NETTO, concluiu, portanto, que a doença do ALEIJADINHO foi TROMBOANGEÍTE OBLITERANTE e traçou um quadro comparando os sintomas e sinais da moléstia com a discrição encontrada no trabalho de RODRIGO BRÊTAS.
Os primeiros sintomas da doença apareceram por volta de 1776/1777, quando ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA tinha 39 anos de idade – nesta oportunidade – já era conhecido nos círculos artísticos da região das minas, mas a partir desta data, tornara-se arredio, irritadiço e agressivo, porém nunca parou de trabalhar – só que o fazia à noite e com o auxílio dos seus ajudantes – todos escravos ou ex-escravos. MAURÍCIO (escravo) que conhecia a arte do entalhe o acompanhava por toda à parte, era ele quem adaptava os ferros (formão) e o macete (malho) às mãos imperfeitas do ALEIJADINHO. Além de Maurício, tinha outros escravos: JANUÁRIO e AGOSTINHO, que os auxiliavam em seus trabalhos.
Sabe-se que ganhou muito dinheiro, entretanto, não reuniu fortuna – não era um homem rico – apesar das inúmeras obras para que fora contratado e dos altos valores pagos pelos trabalhos. Dele diz-se que era descuidado na guarda do seu dinheiro e que de contínuo lhe roubavam. Parte do que ganhava dividia como Maurício e gostava de dar esmolas aos pobres.
ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA, apesar de tudo, continuou recebendo encomendas por mais 37 anos após o aparecimento dos primeiros sinais da doença, o que demonstra que era estimado pelos sacerdotes de Vila Rica, Mariana e Congonhas e, ao que nos parece, a sua enfermidade fez a sua fama.
BRÊTAS diz que "... o artista não era repudiado, ao contrário, era procurado. Ele próprio é que se esquivava. A consciência que tinha da desagradável impressão que causava a sua fisionomia o tornava intolerante e mesmo iroso para com os que lhe observavam de propósito, entretanto, ele era alegre e jovial com as pessoas da sua intimidade". Há relatos que costumava ir as missas em sua cadeira, conduzido por dois escravos. Isto quer dizer que freqüentava lugares e trabalhava, como se sabe, dentro e fora das Igrejas. Portanto, ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA era uma figura querida em Vila Rica e adjacências.
CONCLUSÃO
ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA – O ALEIJADINHO - foi um exemplo constante de dedicação ao trabalho sério e construtivo, autor de obras que constitui motivo de orgulho para Minas Gerais, para o Brasil e para a nossa Loja. Entretanto, a maior das lições que o ALEIJADINHO nos legou, foi sem dúvida, a de ter perseverado nos seus trabalhos, mesmo depois de atacado pela enfermidade, mesmo aleijado, mesmo como deficiente físic5, mesmo quando tinha que ser conduzido para o local de trabalho, de ter, para trabalhar, que adaptar os ferros e o macete às mãos imperfeitas, e lá estava ele, esculpindo paredes, talhando a pedra, moldando a madeira e demonstrando coragem e persistência, quando, a exemplo do que se vê hoje e com toda certeza se via à época, seria muito mais fácil desistir e viver à custa da caridade pública.
Esta perseverança no trabalho, apesar de suas deficiências físicas, essa tenacidade e quase abstinação em realizar seus trabalhos, lutando com tamanhas dificuldades, foi, indubitavelmente, a maior das lições que nos legou o ALEIJADINHO e que nós temos como obrigação ensinar às gerações de hoje e do amanhã.
Capelas dos passos

Passo da Ceia

Situada na parte inferior da rampa, é a maior das capelas e a mais antiga do conjunto. Representa a Santa Ceia de Jesus com seus apóstolos e dois servos, mais especificamente o momento em que Jesus diz "Em verdade vos digo, um de vós me há de entregar" e os apóstolos se mostram transtornados. Todas as peças são em tamanho próximo ao natural, a maioria constituída de um único bloco com exceção das mãos que são móveis. As únicas esculturas completas são os dois servos e os quatro primeiros apóstolos mais visíveis. As restantes de meio corpo repousam em suportes por detrás da mesa redonda.

Passo do Horto
Ao lado esquerdo da rampa em pequena distância da Ceia, encontra-se a capela que mostra a agonia de Jesus orando no Jardim das Oliveiras, marco inicial da paixão. A figura de um anjo, pendurado no alto da capela, traz na sua mão direita um cálice representando o fel que deverá ser bebido: "Pai, se é do teu agrado, afasta de mim este cálice". O anjo trazia em sua mão esquerda uma cruz, retirada em 1957 por motivo de segurança da estátua. As imagens de excelente execução e perfeito acabamento formam um conjunto harmônico, composto pela imagem do anjo, Jesus sentado em oração, e dos apóstolos Pedro, Tiago e João adormecidos.
Passo do Horto
Passo da Flagelação e Coroação de Espinhos
Encontra-se do lado direito da capela da Ceia. Oito personagens compõem este grupo: Jesus, Pedro, Malco, Judas e quatro soldados. Num gesto instintivo de defesa do mestre, São Pedro decepa a orelha de Malco, um dos guardas. Cristo acalma Pedro e avança em direção à vítima para curá-la. No exato momento desta cena, Cristo está com a orelha de Malco na mão. O conjunto de imagens é entre todos o mais homogêneo. As imagens chegam a medir, mais de dois metros de altura.
 
 
Passo da Subida do Calvário
 
 

Passo da Crucificação

 

Igreja Basílica

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Sala dos Milagres

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Igreja Matriz

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Igreja do Rosário

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Basílica e os Profetas

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Romaria

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Diagrama da Basílica

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