terça-feira, 15 de abril de 2014

ESTILO ROCOCÓ

Galleria Borghese
Galeria Barroco - Arnaldo Poesia




~ Estilo Rococó ~
O rococó é um movimento artístico europeu, que aparece primeiramente na França, entre o barroco e o Arcadismo. Visto por muitos como a variação "profana" do barroco, surge a partir do momento em que o Barroco se liberta da temática religiosa e começa a incidir-se na arquitectura de palácios civis, por exemplo. Literalmente, o rococó é o barroco levado ao exagero.
A expressão "época das Luzes" é, talvez, a que mais frequentemente se associa ao século XVIII. Século de paz relativa na Europa, marcado pela Revolução Americana em 1776 e pela Revolução Francesa em 1789. No âmbito da história das formas e expressões artísticas, o Século das Luzes começou ainda sob o signo do Barroco. Quando terminou, a gramática estilística do Neoclassicismo dominava a criação dos artistas. Entre ambos, existiu o Rococó. Na ourivesaria, no mobiliário, na pintura ou na decoração dos interiores dos hotéis parisienses da aristocracia, encontram-se os elementos que caracterizam o Rococó: as linhas curvas, delicadas e fluídas, as cores suaves, o caráter lúdico e mundano dos retratos e das festas galantes, em que os pintores representaram os costumes e as atitudes de uma sociedade em busca da felicidade, da alegria de viver, dos prazeres sensuais.
O Rococó é também conhecido como o "estilo da luz" devido aos seus edifícios com amplas aberturas e sua relação com o século XVIII.
Em Portugal aparece na numismática a cerca de 1726 e prolongou-se até 1790 nos principais domínios artísticos. Na corte e no Sul do país desaparece mais cedo, dando lugar ao neoclassicismo. É nas províncias do Norte, particularmente Noroeste, que se encontra a versão mais original do património artístico rococó metropolitano, graças à talha dourada de formas «gordas» de certas igrejas do Porto, Braga, Guimarães, etc., executada por notáveis artistas na segunda metade do século XVIII (Fr. José de Santo António Vilaça, Francisco Pereira Campanhã, etc.) e na escultura ganítica, que decora numerosos edifícios religiosos e profanos na área: igreja da Ordem Terceira do Carmo (1758-68) por José Figueiredo Seixas, Capela do Terço (1756-75); em Viana do Castelo, a capela dos Malheiros Reimões, etc.
Os pintores mais representativos foram François Boucher, Antoine Watteau e Jean-Honoré Fragonard
No Brasil o estilo revelou-se tardiamente, pois já no início do século XIX, na escultura de madeira e de «pedra-sabão», na pintura mural e na arquitectura, com José Pereira Arouca, Francisco Xavier de Brito, Manuel da Costa Ataíde e António Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
~ O estilo rococó no Rio de Janeiro ~
Rococó
Derivado de um estilo de decoração de interiores também conhecido como Luís XV, tem a leveza como marca. Não quer doutrinar ninguém, apenas ser agradável ao olhar. Na Igreja de Santa Rita, no Centro, o dourado recobre florais, conchas do mar e desenhos assimétricos. Explora também o contraste entre cheio e vazio, com amplos fundos brancos
O Rio de Janeiro colonial sobrevive em meio ao burburinho do Centro. A melhor representação desse período está no quadrilátero cujos vértices são o Outeiro da Glória, o Morro de São Bento e o que restou dos morros do Castelo e de Santo Antônio. Na região há um conjunto de vinte igrejas tombadas por seu inestimável valor histórico. Para apreciar essas relíquias da arquitetura sacra do século XVIII, basta disposição para caminhar.
O rococó chegou ao Rio na segunda metade do século XVIII, na época em que a cidade virava sede da colônia, e por isso foi mais difundido. Começou na França como decoração de interior de residências. Enquanto o barroco se caracteriza pela densidade e pela intensidade, o rococó é leve e iluminado. Na esquina da Avenida Marechal Floriano com a Rua Miguel Couto, a Igreja de Santa Rita foi a primeira a adotar o estilo em sua talha, executada entre 1753 e 1759. Ao contrário de outras construções do período, ela não sofreu acréscimos no fim do século XIX, quando o ecletismo acadêmico passou a achar pobre a presença de todo aquele espaço em branco — e decidiu preenchê-lo. Por exemplo, os enfeites acrescentados à Igreja da Ordem Terceira do Carmo. "Foi tudo preenchido, mas no Rio até os acréscimos eram feitos com extrema perícia."
A imagem da padroeira Santa Rita (à esq.) e o lavabo de mármore: peças trazidas de Portugal no começo do século XVIII que continuam expostas na sacristia da igreja em movimentada esquina do Centro

Detalhes: a lateral do altar rococó (à esq.) e parte da pintura do teto (acima) da Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens

~ Basílica de Nossa Senhora do Carmo, Recife ~
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– Retábulo da Basílica de Nossa Senhora do Carmo em Recife, uma das glórias do barroco brasileiro.
A igreja segue o estilo rococó. O corpo principal tem dois pavimentos, ambos com três aberturas de arco abatido e ornamentos em cantaria. No piso superior, entre as janelas, encontram-se dois nichos com estátuas, interligados na parte superior a óculos obturados com grades, e também emoldurados. Acima, frontispício triangular de vértices truncados e lados curvos, com brasão da Ordem, pesadas volutas floreadas, e culminando com um nicho com imagem de Nossa Senhora, pináculos e uma cruz. Lateralmente a igreja possui duas torres, sendo que a da direita permanece inacabada, e a da esquerda, com cerca de 50 metros de altura, ergue-se em quatro pisos, com aberturas de forma e tamanho variáveis: a da base é uma porta com arco pleno, e acima abrem-se, sucessivamente, uma porta de arco abatido, com balaústre, um óculo simples, e uma janela sineira também em arco pleno. Coroando a torre, cúpula com diversas cornijas ornamentadas superpostas, óculos, pináculos e cruz.
No interior sua decoração em talha dourada é de valor inestimável. Entre os pontos altos destacam-se os doze altares secundários e a capela-mor, com seu fabuloso retábulo com uma imagem em tamanho natural de Nossa Senhora do Carmo, ladeada de anjos e santos, numa moldura de luxuriante trabalho de talha dourada. Os outros altares também são ricamente decorados, destacando-se os de Nossa Senhora da Candelária e o de Santa Teresa, São Crispim e São Crispiniano.
Várias intervenções realizadas nos séculos XIX e XX acabaram por descaracterizar alguns aspectos originais do interior, sobretudo a pintura das talhas. Praticamente toda a Basílica foi repintada de branco e dourado. Um projeto de restauração recente, que removeu as camadas de repintura, revelou toda a beleza da decoração marmoreada típica do século XVIII, sendo a Basílica reinaugurada em 6 de julho de 2001, após três anos de trabalhos. Outras alterações no altar-mor incluíram a entronização da atual imagem de Nossa Senhora, uma outra de Cristo e a instalação de um relicário para guarda das hóstias. A restauração da capela também contemplou o cadeiral de jacarandá, com a recomposição de partes perdidas da madeira e a recuperação dos seis painéis com imagens de santos e das seis tribunas com balaústres que ficam acima do cadeiral.
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Bibliografia:
Ian Chalvers. Dicionário Oxford de Arte. 2.ed, São Paulo: Martins Fontes, 2001. La Nuova enciclopedia dell'arte Garzanti. Milano: Garzanti Editore, 1986, 1112 p. il. p&b. color. Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira. O rococó religioso no Brasil e seus antecedentes europeus. São Paulo: Cosac & Naif, 2003, 343p.il. p&b. Barroco e Rococó nas Igrejas do Rio de J aneiro, Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira e Fátima Justiniano, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Wikipédia, a enciclopédia livre.
© Arnaldo Poesia, Le Monde de Paris, Quinzaine Littéraire, 1997/2010.
Tous droits de traduction et d’adaptation réservés pour tous pays.


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