MANEIRISMO
Maneirismo
foi um estilo e um movimento artístico que se desenvolveu na Europa
aproximadamente entre 1515 e 1600 como uma revisão dos valores clássicos
e naturalistas prestigiados pelo Humanismo renascentista e
cristalizados na Alta Renascença. O Maneirismo é mais estudado em suas
manifestações na pintura, escultura e arquitetura da Itália, onde se
originou, mas teve impacto também sobre as outras artes e influenciou a
cultura de praticamente todas as nações europeias, deixando traços até
nas suas colônias da América e no Oriente. Tem um perfil de difícil
definição, mas em linhas gerais caracterizou-se pela deliberada
sofisticação intelectualista, pela valorização da originalidade e das
interpretações individuais, pelo dinamismo e complexidade de suas
formas, e pelo artificialismo no tratamento dos seus temas, a fim de se
conseguir maior emoção, elegância, poder ou tensão. É marcado pela
contradição e o conflito e assumiu na vasta área em que se manifestou
variadas feições.
A palavra maneirismo de “maniera”, que significa estilo, no sentido mais amplo da palavra. O maneirismo é a primeira orientação estilística que considera a relação entre o tradicional e o novo como um problema cultural que desafia a inteligência e dela demanda solução. Estilo com características específicas, dista tanto do Renascimento quanto do Barroco, constituindo-se numa tentativa de pôr em acordo a espiritualidade da Idade Média e o realismo do Renascimento. Nas artes plásticas, Tintoretto, El Greco, Bruegel são representativos dessa tendência de romper com a regularidade e com a harmonia da arte clássica, substituindo o caráter suprapessoal da obra clássica por traços subjetivos. Dissolvendo o objetivismo renascentista, o Maneirismo acentua o ponto de vista pessoal do artista e, ao mesmo tempo, a experiência pessoal daquele que fruirá a obra.
A cisão interna do artista se inicia no Maneirismo. Quando é levantada, por primeira vez, a questão do conhecimento na arte, discute-se o problema da relação desta com a natureza. Para o Renascimento, a natureza era a origem da forma artística; o Maneirismo afasta-se dessa concepção da arte como cópia, postulando que a arte cria, não segundo a natureza, mas como a natureza.
Enquanto na Idade Média as obras de arte tinham uma única interpretação considerada procedente, as grandes criações artísticas passam a receber, a partir do Maneirismo, muitas interpretações possíveis. As obras de William Shakespeare (1564-1616) e de Miguel de Cervantes (1547-1616) são exemplos disso: suas construções simbólicas são o oposto da homogeneidade clássica, cisão entre ser e parecer, Deus e o mundo. Cervantes é um bom exemplo do que seja o entendimento maneirista da vida, vacilando entre a alienação do mundo e o acomodamento racional a ele. Sua famosa personagem, Dom Quixote, é representativa dessa ambiguidade.
É
na obra desse grande escritor espanhol que Hauser identifica os traços
fundamentais do Maneirismo: a fusão do cômico e do trágico; a dupla
natureza do herói, ora ridículo, ora sublime; a alusão do narrador à
narrativa como sendo algo fictício; a presença do grotesco; a mescla de
elementos realistas e fantásticos no relato; a união dos traços das
novelas idealistas de cavalaria com traços picarescos vulgares; o
convívio do diálogo cotidiano com recursos retóricos elaborados; o
descuido com a execução da obra.
Do outro grande escritor maneirista, Shakespeare, observa Hauser que, apesar de existirem em sua obra elementos renascentistas e barrocos, predominam os elementos maneiristas na mescla de temas trágicos e cômico; síntese de elementos sensuais e intelectuais; na ornamentação da composição; na acentuação do ilógico, do insondável, do absurdo da vida; na concepção da teatralidade da vida; na linguagem carregada de metáforas, assonâncias e jogos de palavras.
O Maneirismo foi um estilo dirigido a um reduzido grupo de intelectuais. Quando sobreveio a Contra-Reforma, movimento de reação da Igreja Católica contra o luteranismo, ele era o estilo predominante. Porém, como não se adaptava aos objetivos da Contra-Reforma, não podendo, portanto, veiculá-la, o Maneirismo cedeu lugar ao Barroco, estilo mais popular e capaz de contribuir para a resolução dos problemas eclesiásticos de então.
A literatura brasileira não apresenta obras maneiristas. Contudo, o fato de nomes maiores da literatura ocidental, com amplo espectro na produção literária posterior a eles, como Cervantes e Shakespeare, terem sido maneirista, impõe o registro e a atenção a esse estilo.
RESUMO
MANEIRISMO
Características
Tentativa de conciliação das heranças medieval e renascentista
Fusão do cômico e do trágico
Dupla natureza do herói
Presença do grotesco
Convívio de elementos realistas e fantásticos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
CADERMATORI, Lígia. Períodos Literários. 3. ed. São Paulo: Ática, 1987.
Do outro grande escritor maneirista, Shakespeare, observa Hauser que, apesar de existirem em sua obra elementos renascentistas e barrocos, predominam os elementos maneiristas na mescla de temas trágicos e cômico; síntese de elementos sensuais e intelectuais; na ornamentação da composição; na acentuação do ilógico, do insondável, do absurdo da vida; na concepção da teatralidade da vida; na linguagem carregada de metáforas, assonâncias e jogos de palavras.
O Maneirismo foi um estilo dirigido a um reduzido grupo de intelectuais. Quando sobreveio a Contra-Reforma, movimento de reação da Igreja Católica contra o luteranismo, ele era o estilo predominante. Porém, como não se adaptava aos objetivos da Contra-Reforma, não podendo, portanto, veiculá-la, o Maneirismo cedeu lugar ao Barroco, estilo mais popular e capaz de contribuir para a resolução dos problemas eclesiásticos de então.
A literatura brasileira não apresenta obras maneiristas. Contudo, o fato de nomes maiores da literatura ocidental, com amplo espectro na produção literária posterior a eles, como Cervantes e Shakespeare, terem sido maneirista, impõe o registro e a atenção a esse estilo.
RESUMO
MANEIRISMO
Características
Tentativa de conciliação das heranças medieval e renascentista
Fusão do cômico e do trágico
Dupla natureza do herói
Presença do grotesco
Convívio de elementos realistas e fantásticos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
CADERMATORI, Lígia. Períodos Literários. 3. ed. São Paulo: Ática, 1987.
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